quarta-feira, 19 de março de 2008

"Asas(Humanas)"

(porque estava a ouvir “Asas(eléctricas)”- GNR )

Voar pelo Mundo. Nessa esfera rodopiante.
Voar bem alto…para o infinito. É necessário!
Cortar todos os laços, as amarras e partir.
Voar sem rumo ou rota. Voar para o vazio.
É necessário ser capaz de quebrar tudo até então e recomeçar.
Custa! Bem sei que custa! O Homem tende a acomodar-se como um passarinho no ninho: apenas se move ou dá sinais de vida quando o seu instinto de sobrevivência é “tocado” de alguma maneira.
Era tão mais simples sermos eternamente como o passarinho…era tão menos penoso.
Mas como ao passarinho, também foram dadas ao Homem asas para voar. Não daquelas que funcionam com as leis da física ou da aerodinâmica, mas sim com as leis da razão e, acima de tudo, com as leis do coração. As leis de um coração honesto, terno, quente, acolhedor, prestável, cuidadoso, ponderado, amigo e eternamente humano.
Voar sem medo, aproveitando esse tão agradável sossego da alma. Mas voar também com medo. Arriscar o voo mesmo tendo o ponteiro do combustível a tremer, a falhar, a atingir o derradeiro limite.
Voem com medo, pois só há duas resoluções possíveis: chegar ao destino ou cair.
A primeira é a ideal. Aquela onde nos encontramos e onde deixamos que nos encontrem. Mas se for a segunda a reinar sabemos que chegou o fim. Um fim com retorno incerto e improvável, quase de certeza impossível.
Quiçá, noutro Mundo, com uma outra forma (que tal um cubo?), seja possível ultrapassar a “tal segunda” e regressar da queda…

Liliana Matos