quarta-feira, 18 de junho de 2008

Palavras

Há palavras que não devem ser ditas.
Há palavras que não deveriam ter permissão para serem proferidas. São de tal modo enganadoras que era preferível ficarem guardadas.
Há palavras assustadoras. Pois num relance, tanto nos mostram a beleza e o encanto, como nos fazem sentir excluídos da lista da possibilidade de um dos maiores desejos do Homem – ser feliz. São palavras angustiantes para quem as ouve e, muito provavelmente, de algum divertimento para quem as lança neste Mundo.
Há palavras que magoam, que sufocam, que derrotam, há palavras que (infelizmente) ficam por dizer ou que são ditas em excesso.
As palavras são feitas da mesma massa, mas adquirem diferentes formas, por isso é que o mundo das palavras é infinito. Há mil e uma formas diferentes de palavras.
Torna-se então fundamental ter a arte e o engenho (bom carácter, humildade, bondade, diria eu!) de construir belas formas e, contrariamente ao que uma grande maioria deseja, de não querer apenas possuir a fórmula secreta da massa das palavras.
Cada um de nós tem uma forma específica de criar as palavras, de transmiti-las, de partilhá-las. Mas alguns criam verdadeiras armas nucleares, transformam as palavras em armas de destruição maciça. Dessas palavras é que eu não gosto… ou melhor, as palavras não têm culpa do desonroso papel que lhe conferem. Eu não gosto é das pessoas que são capazes de usar tão nobres conquistas da espécie humana nas suas guerras hipócritas, às quais essas pessoas costumam chamar de vidas.

Liliana Matos

quarta-feira, 4 de junho de 2008

Sonho

Tenho este sonho.
Sonho com um dia. Um dia que sinto ainda muito distante, mas mesmo assim, sonho com ele.
Sonho com o dia em que Tu, cansado de tudo e de todos, sedento do meu pleno amor por ti, venhas para mim.
Farto da vida, venhas para mim. Para receberes todo o amor infinito que tenho para te dar.
E eu recebo-te. Recebo-te como não tivesse existido nada entre o momento que te amei pela primeira vez e o agora. Recebo-te com todo o meu ser. Dou-me sem reservas.
Sonho com este dia.
Com o dia em que eu seja tudo para ti.
E irei amar-te. Amar-te para sempre.
Sonho, apenas. Agora só me resta sonhar. Pois, infelizmente, mal te vejo. Não te tenho junto a mim. Muita terra, muita gente está entre nós, nos separa. Não te tenho aqui fisicamente.
Mas sonho. Sonho com o tal dia, daqui a muitos dias.



Liliana Matos
1 De Junho de 2008

Fiel

Sou fiel a algo que nunca existiu.
Mas por desejá-lo tanto, mantenho-me fiel. Mantenho-me fiel suportada por uma grande esperança. Esperança essa que por vezes é assombrada com a certeza que nunca vai acontecer.
Mas porque és especial… mantenho-me fiel.


Liliana Matos
18 de Maio de 2008

Simplicidade

Vejo os cumes das árvores serem banhados pelos últimos raios de sol, agitando os seus ramos como que a lhe dizer um “até já”, “até amanhã”. Sugam até à última partícula todo esse calor e luz emanados. Depois descansam.
Enquanto isso, “ela” dorme no meu regaço. Dorme tranquila, com toda a simplicidade que a sua condição lhe permite. Dorme numa paz invejável, numa paz intocável. Nem as leves carícias a despertam. Pelo contrário, fazem com que se aconchegue, se enrole. Movendo-se lentamente, no seu sono profundo.
Assim, tudo parece tão simples. Olho para “ela” e percebo a simplicidade em que vive… a simplicidade que invejo.

Que continues sempre aqui,
ao meu lado,
“minha pequena companheira”


Liliana Matos
17 De Maio de 2008