segunda-feira, 7 de abril de 2008

Abri a janela...

O negro da noite chamou-me. Todos os dias ouço a sua voz a convidar-me para olhar o céu, para ouvir a sua música, para sentir o seu cheiro. Estou à janela e sinto ainda um frio na cara típico de uma tímida primavera que há pouco começou.

Inspiro. Inspiro daquela maneira especial que faço todas as noites. Inspiro tentando encontrar, no agradável e inconfundível odor que entra em mim, a lembrança de outras vezes em que também inspirei à janela desta mesma forma, com esta mesma intensidade.

Inspiro e revejo "aquele ano" tão querido, mas infelizmente já ido. Inspiro e sinto as lágrimas, por momentos, a invadir os meus olhos. "Aquele ano" faz-me ficar assim. Mas já terminou. Já o vivi. NÃO QUERO pensar mais nele. NÃO POSSO pensar mais nele. Mas aquele inspirar fê-lo voltar ao meu pensamento.

Já não vejo o céu, nem sinto a brisa fria no rosto, nem tão pouco ouço o cantar da escuridão ou sinto o seu cheiro.

Fechei a janela.

Liliana Matos

3 comentários:

Anónimo disse...

A noite e o seu silêncio mudo são propícios a nostalgias e enigmas ;)

Miguel disse...

gostei do texto..

tens é de escrever coisas lindas destas mais vezes :)

Sorrisos em Alta disse...

Aqui, quando o negro me vem cahmar, eu costumo-lhe dizer para vir mais cedo no dia a seguir, que aquilo já não são horas para ir beber uns copos!