domingo, 6 de julho de 2008

Fim do II

Como prometido cá estou eu, após 2 meses (9 semanas, para ser mais precisa), a fazer o balanço do II.
Começou com a habitual falta de à vontade, medos e muitas dúvidas, mas a pouco e pouco foi crescendo. Com momentos menos bons e outros de grande valor e felicidade.
Vivi de tudo. Podem não acreditar, mas cada minuto é uma autêntica surpresa. Há sempre algo de novo. As rotinas são raras… pouco se repete. Portanto, é fundamental estar atendo e não deixar escapar qualquer momento. Sabê-los aproveitar.
Pressinto sempre os meus sentidos a fervilhar, em puro estado de alerta quando me encontro no meio hospitalar, em contacto com os doentes.
Ora, os doentes! Aspecto FUNDAMENTAL nestes nossos sopros de vida, vividos dentro daquele hospital. Por eles vale todo o esforço, todo o sacrifício, todo o trabalho, todo o cansaço, todas as lágrimas, todas as desilusões.
É lindo ouvir um sincero Obrigado, daqueles que vêm não do fundo da alma, mas apenas do coração. Basta virem do coração e nada mais. É tão compensador, tão reconfortante ver estampado no olhar a gratidão. São pequenos nadas feitos por nós, que despertam grandes sentimentos.
Todos os doentes são especiais à sua maneira, mesmo aqueles mais difíceis de conquistar, pois esses transformam-se num desafio ainda maior que ultrapassa a simples necessidade de prestação de cuidados de enfermagem. Mas sem dúvida que há aqueles que dificilmente esqueceremos.
Se no I o senhor C. marcou-me por um sorriso mudo carregado de palavras silenciosas a quererem brotar a todo o instante, agora, no II, a senhora G.S. é quem recordo com mais carinho. Recordo todas as conversas (assuntos que nunca pensei falar com alguém com 77 anos), todas as carícias, todos os olhares capazes de dizer tanto como as palavras, toda a boa disposição, toda a força e vontade de continuar a viver e todos os sorrisos, em especial aqueles que nunca faltavam mesmo nos momentos de maior sofrimento.
A pessoa com maior tranquilidade, em relação à sua postura durante a vida, que conheci até agora. Com uma paz e serenidade interior invejável, mas acima de tudo louvável.
Muito obrigada!
Haveria muito mais para dizer, mas prefiro ficar por aqui. Ficar neste doce e agradável aconchego da alma causado pela simples recordação da senhora G.S.

Liliana Matos


3 comentários:

Sorrisos em Alta disse...

Que continue tudo a correr bem e que continues a cativar corações!

Bjinhos

Sorrisos em Alta disse...

Não sejas modesta!
Já milhares de doentes me telefonaram a confirmar!
;O)

Anónimo disse...

Olá Liliana!
Que belo testemunho de humanidade e deontologia profissional transmite neste post! Nada que me surpreenda, atendendo à imagem que de si retive durante o ano lectivo em que tive a honra e o grato prazer de ter sido seu professor de Psicologia. A Saúde precisa de gente como a Liliana!
Grande bjinho, boas férias também para si e não deixe de partilhar connosco tão pungentes emoções!
ALM