terça-feira, 7 de agosto de 2007

In Memórias - 31 de Junho de 2006

Já escrevi este texto há algum tempo, mas sinto que está quase sempre actual na minha vida.
Quem me dera ter o conhecimento absoluto acerca de tudo! Assim não vivia nesta “ignorância”, nesta “escuridão”!
Por piores que sejam as situações, algo ainda mais constrangedor é o vazio, é a solidão...o nada.
Parece que vivemos só porque o nosso organismo ainda realiza todas as funções vitais. Pois se não as realizasse, já não estaríamos aqui…
É difícil de descrever, mas é o que sinto. Parece que não temos direito à alegria e felicidade…parece que nunca mais chega a meta…parece que corremos sem sair do mesmo lugar…parece!
É como trabalhar no vazio, sem nunca receberes o “feedback” ou recompensa.
Só me apetece parar e descansar! Mas agora é que reparo que ainda nem começou. Vai ser extenuante!
Continuo igual a mim mesma, mas cada vez menos me reconheço. Já não sei como irei reagir…se irei gostar, se não irei aguentar. Como a maioria das vezes “não sei nada acerca de tudo”.
Já não encontro em mim as características de outrora!
Já não me encontro…devo estar a mudar tanto…mas que sentido faz a mudança se, para já, não vejo vantagens!
É angustiante! Mudas e não consegues parar, nem tão pouco controlar!
Pelo menos, eu devia ter alguma palavra a dizer…oh relógio imparável!
Quando decidires parar, se calhar, já serei tão estranha a mim própria, que nem me reconhecerei.
Mas ainda tenho memórias. É a elas que me agarro com unhas e dentes, para não “esquecer-me”.
São elas que continuam a dar algum sentido ao desconhecimento total…
Vou parar para dormir!

Liliana Matos
31 de Maio de 2006

2 comentários:

Anónimo disse...

O nome com que baptizou o seu blogue é muito bom e revela um grande sentido auto-crítico e promete uma qualidade literária que se confirma pela leitura dos seus magníficos textos.
A angústia do tempo combate-se com a activa atitude de deixar q o tempo passe por nós passando nós por ele... Confuso? Talvez! Mas a coisa mais simples está na complexidade que cabe num instante do tempo. De facto, o sono não apaga a memória e a vida humana é tudo o q transcende as funções vitais!
Bjinho,
ALM

Anónimo disse...

Com a sua licença, vou "linká-la" ao «Sem Quórum» :)